Pecado

O que se entende por pecado?

Compartilhar:

O pecado pelo qual Cristo morreu refere-se a uma escravidão, de modo que, o corpo do pecado, ao ser crucificado juntamente com Cristo é aniquilado para que o homem nascido de novo não sirva mais ao pecado.


O que se entende por pecado?

“E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.” (Hebreus 2:15).

Definição de pecado

Por definição, pecado é ‘iniquidade’ ou, ‘tudo o que não é de fé’.

Ao construir duas frases que definem pecado, o evangelista João utilizou os substantivos ἁμαρτία[1] (hamartia), ἀνομία[2] (anomia) e ἀδικία[3] (adikia).

“Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade (anomia); porque o pecado é iniquidade (anomia).” (1 João 3:4);

“Toda iniquidade (adikia) é pecado e há pecado que não é para morte.” (1 João 5:17).

O apóstolo Paulo, por sua vez, conceituou o pecado como sendo tudo o que não é proveniente de fé:

“Mas, aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado.” (Romanos 14:23).

O apóstolo dos gentios utilizou os termos gregos ἁμαρτία (hamartia) e πίστεως[4] (pisteōs) para conceituar o pecado, o que nos dá elementos para compreendermos a natureza do pecado na Bíblia.

O substantivo πίστεως, traduzido por fé, possui diversos significados, mas, no contexto em análise, o termo não se refere a crer, acreditar, confiar, etc., que é próprio ao homem, antes se refere à fidelidade, à lealdade, à firmeza, à essência do que se pode confiar, o que remete à palavra de Deus.

“Esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação;” (1 Timóteo 4:9).

Que palavra é fiel e digna de confiança? Está palavra é a ‘fé’, que alguns se apostataram (1 Timóteo 4:1), ou seja, a palavra da fé, a boa doutrina (1 Timóteo 4:5). Tudo o que não é segundo o evangelho, a fé que foi entregue aos santos, por definição, é pecado (Judas 1:3).

Os nascidos de Deus

Quando o evangelista João enfatiza que pecado é a iniquidade, pelo contexto da carta, percebe-se que ele utiliza o termo iniquidade para descrever o posicionamento daqueles que são contrários ao evangelho de Cristo. Quando compreendemos que, na essência, o evangelho é um mandamento (1 João 3:23; 2 Pedro 2:21), certo é que aqueles que não obedecem ao evangelho permanecem no pecado (são escravos) e estão em iniquidade.

É assente entre os cristãos que Jesus se manifestou para tirar os pecados dos que n’Ele creem e, que em Cristo não há pecado (1 João 3:5). Qualquer que permanece em Cristo é isento de pecado (1 João 3:6 e 9), mas, aquele que não permanece no que foi ensinado comete pecado, pois, pecado é iniquidade, ou seja, desprezo, injustiça, violação, etc., a tudo o que Cristo ensinou (1 João 2:24 e 27).

Quando o apóstolo João conceituou pecado como iniquidade, ele estava recomendando aos cristãos a permanecerem em Cristo (1 João 2:28; 1 João 3:24), pois, se eles reconheciam a Cristo com justo, deveriam igualmente praticar a justiça, que é obedecer ao mandamento de Deus (crer em Cristo), e, assim, seriam feitos filhos de Deus (1 João 2:29; 1 João 5:1).

O evangelista João enfatiza que os cristãos, agora, são filhos de Deus (1 João 3:1-2) e qualquer que se agarra à esperança proposta em Cristo, purifica-se a si mesmo, assim, como Cristo é puro (1 João 3:3). Isso significa que, basta crer em Cristo para se purificar, não sendo necessário aos que estão em Cristo se engajarem em uma busca por purificação.

Quando o evangelista João declina que ‘qualquer que comete pecado, também, comete iniquidade’, a ênfase na ação ‘comete pecado’, caracteriza aqueles que são escravos do pecado (João 8:34). Substituindo ‘comete pecado’ por ‘servo do pecado’, percebe-se que os escravos do pecado são os que cometem iniquidade, pois, não são sujeitos à lei de Deus (Romanos 8:7). Se alguém é sujeito a lei, é sujeito à morte, portanto, é escravo do pecado.

Sabendo que Cristo se manifestou para tirar os pecados dos que creem e, como Ele é isento de pecado, para se estar n’Ele e Ele nos cristãos, igualmente, tem que exitirem isentos de pecado (1 João 3:24; 1 João 1:5; Efésios 5:8).

Se o cristão está em Cristo e Cristo está no cristão, isso significa que o cristão guardou o Seu mandamento (1 João 3:24), de modo que, no cristão não há pecado, portanto, não peca por estar em Cristo (1 João 3:6). Quem peca é porque não está em Cristo, de modo que não viu e nem conheceu a Cristo.

O evangelista João deu essa instrução para que os cristãos não fossem enganados, vez que, quem pratica a justiça é justo, assim, como Cristo é justo. Já, aquele que peca é do diabo, mas, Cristo veio para desfazer as obras do adversário.

O crente em Cristo não é escravo do pecado, portanto, não peca. Como é nascido de Deus, da semente incorruptível, não pode pecar.

Violação da lei

Quando se analisa o pecado como violação da lei, os estudiosos, na sua grande maioria, fazem referência à lei mosaica.  Entretanto, há uma lei que foi violada somente por um homem, cuja consequência foi a derrocada da humanidade:

“E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas, da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente, morrerás.” (Gênesis 2:16-17).

A desobediência de Adão ao mandamento dado no Éden é descrita pelo apóstolo Paulo como ofensa (paraptoma[5]), ou, em outro termo, pecado (hamartano[6]), verbo que expressa uma ação ou, a uma omissão, que viola um mandamento de Deus (Romanos 5:14).

Na atitude de Adão, que comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, temos uma ofensa, uma iniquidade ou, seja, ele ‘pecou’ (αμαρτανω) contra Deus, pois, violou uma determinação expressa e personalíssima. Nesse sentido, Adão é o único sujeito do verbo αμαρτανω:

“E não foi, assim, o dom como a ofensa, por um só que pecou (ἁμαρτήσαντος). Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas, para justificação.” (Romanos 5:16).

Como é possível um só pecar (Romanos 5:16), se o apóstolo afirmou anteriormente que todos pecaram?

“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim, também, a morte passou a todos os homens, por isso, que todos pecaram.” (Romanos 5:12).

Até aqui, tratamos de um tipo de pecado: a transgressão de um mandamento, ou seja, iniquidade, ofensa, sendo que o sujeito do verbo αμαρτανω pratica uma ação ou se omite e comete pecado.

Agora, trataremos de outro tipo de pecado, que ocorre, não por ação ou por omissão do indivíduo, mas, porque ‘entrou’ no mundo o pecado (ἁμαρτία – hamartia). Nesse sentido, o pecado que ‘entrou’ no mundo não se vincula a ‘uma palavra, a um ato ou, a um desejo’ contrário à lei de Deus ou, à lei ou, ainda, à moral humana.[7]

O pecado que passou a ‘existir’ no mundo em função da ofensa de Adão se refere a uma falha, um erro, uma mancha. Por força da lei, que estabeleceu: ‘certamente morrerás’, a ofensa de Adão teve como consequência uma falha e pela falha entrou a morte.

É comum, entre os teólogos, pensarem o pecado somente como ‘errar o alvo’, ‘cometer um erro’, ‘cometer um pecado’ (contra Deus), relacionando o termo grego ἁμαρτάνω a uma ação ou, a uma omissão que viola uma lei.

Entretanto, se faz necessário lembrar que o termo ἁμαρτία (pecado), utilizado pelo apóstolo Paulo para falar do erro, da falha que entrou no mundo, era utilizado pelos gregos para fazer referência à ação de um lanceiro que errava o alvo. A falha ou, o erro do lanceiro descrito pelo termo ἁμαρτία não estava somente no resultado final da ação: errar o alvo, antes, a hamartia permeava a execução do arremesso da lança por completo, ou seja, englobava toda a ação do lanceiro, o que resultava no erro do alvo.

Desse modo, é na ação do lanceiro que está a ἁμαρτία, não somente no resultado. Empunhar a lança, calcular o ângulo e a força do arremesso, visando a marca pretendida, é ação eivada de hamartia, que terá como resultado o erro de não acertar o alvo.

As intenções do lanceiro, boas ou, más, não são levadas em conta para se determinar a ἁμαρτία, pois, quando o objetivo é acertar um alvo, não se cogita lei, moral ou ética.

Outra questão a se observar na ἁμαρτία, remonta a Grécia homérica, pois, os gregos acreditavam que a ἁμαρτία era ‘uma mancha que se espalhava’ e afetava o génos (família, clã, grupo familiar ou descendência), ou seja, a consequência da falta de um indivíduo recaía sobre todos os seus parentes e descendentes (pessoas ligadas por laços de sangue), tanto com relação ao parentesco sagrado (pais, filhos, netos ou irmãos), quanto ao parentesco profano (esposos, cunhados, sobrinhos e tios), uma espécie de ‘culpa’ coletiva.

Esse pensamento influenciou a produção artística grega e o termo ἁμαρτία era utilizado, nas tragédias gregas, para retratar uma maldição que envolvia o herói trágico por causa de um vínculo de sangue com um antepassado amaldiçoado, não importando a ação ou omissão do herói, vez que a maldição não se dá por falta de caráter ou, por maldade do herói.

As tragédias gregas refletiam o pensamento dos gregos antigos, de que a realidade existencial era perfeita e difícil de explicar ou, de descobrir, tanto que a religião olímpica afirmava a existência de um equilíbrio que regia a tudo e a todos, harmonicamente, em uma espécie de estado universal, em perfeição. Quando havia alguma mudança ou, desvio no ‘status quo’ da perfeição, o equilíbrio devia ser restaurado. É nesse cenário que o termo ἁμαρτία era utilizado com relação ao herói trágico, pois, o equilíbrio precisava ser restaurado, mas o herói, apesar de ser integro, de boa índole, invariavelmente, falhava ao tentar recompor a perfeição e o equilibro existencial perdido. A falha do herói trágico se dava, não por violação a leis ou, por faltas de cunho moral, mas, por tentar recompor o equilíbrio, sendo que o resultado restava indesejável em função da ἁμαρτία, uma maldição que permeava a existência do herói, mas, que ele desconhecia (ignorância).

Por má leitura das tragédias gregas, que buscavam a Catarse (do grego κάϑαρσις, kátharsis, “purificação”), pela desdita do herói trágico, frente ao seu destino, os padres da antiguidade introduziram viés moralizante na interpretação das tramas, de modo que os ‘heróis’ ditos trágicos após a renscença sofrem revezes em função dos seus erros.

Do ponto de vista teológico, os estudiosos não consideram a ἁμαρτία como uma ‘mancha que se espalha’, um ‘erro’, uma ‘falha’, do ponto de vista do ‘erro trágico’, e privilegiam o conceito de ἁμαρτία delineado na obra ‘Ética a Nicômaco’, de Aristóteles, que trabalhava questões como ética[8], moral, culpa, responsabilidade, etc., em detrimento do conceito estético presente na ‘Poética’, obra do mesmo autor.

Até aqui analisamos o pecado sob duas perspectivas:

a) ofensa, iniquidade à vista de uma determinação legal, cujo sujeito da ação foi Adão (Romanos 5:16), e;

b) pecado como um poder, uma força, um senhorio, que exerce seu domínio sobre os descendentes de Adão (Romanos 5:12a).

Através do pecado (ἁμαρτία) que entrou no mundo, veio, também, a morte, e é através da morte, que o pecado exerce o seu domínio.

“Não sabeis vós que, a quem vos apresentardes por servos, para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis ou, do pecado para a morte ou, da obediência para a justiça?” (Romanos 6:16).

É da lei que foi dada no Éden que a morte tem força e o pecado, por sua vez, subjuga o homem através da morte (aguilhão).

“Ora, o aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a lei.” (1 Coríntios 15:56);

“E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.” (Hebreus 2:15);

“Para que, assim, como o pecado reinou na morte, também, a graça reinasse pela justiça, para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor.” (Romanos 5:21).

Por um homem que pecou (iniquidade), entrou o pecado (falha, erro, mancha) no mundo e, em função do pecado, a morte.

“Porque, assim como a morte veio por um homem…” (1 Coríntios 15:21).

Como a morte passou a todos os homens, uma vez que todos morrem em Adão, é dito que ‘todos pecaram’ (Romanos 5:12b). Ora, ‘todos pecaram’ não à semelhança de Adão que transgrediu um mandamento (Romanos 5:14), antes, todos pecaram porque a morte, como penalidade decorrente da ofensa de Adão, passou a todos os homens.

“Porque, assim como todos morrem em Adão…” (1 Coríntios 15:22).

Quando é dito que ‘todos pecaram[9]’, temos um novo conceito de pecado, que difere dos outros dois apresentados anteriormente, que é: ‘perda da marca’, ‘perda do padrão’. A ideia de ‘perda da marca’ quase não é utilizada pelos teólogos, que acham que o termo não é utilizado no Novo Testamento, como se observa no comentário que consta do Dicionário Bíblico Vine.

A expressão πάντες ἥμαρτον (pantes hemartov – todos pecaram) assemelha-se à linguagem camponesa, quando é dito que o ‘fruto pecou’, por ser impróprio para o consumo. Por causa da morte, que passou a todos os homens, é dito que ‘todos pecaram’, no sentido de que ‘todos perderam a marca’, o ‘padrão de qualidade’, a ‘perfeição’, ou seja, tornaram-se inúteis, reprováveis, impróprios, etc.

Da leitura indevida do termo ἁμαρτία (hamartia), é que fomentaram, ao longo da história da cristandade, inúmeras doutrinas e equívocos, acerca do pecado, vez que não consideram que o termo pode remeter a três ideias distintas:

  1. Ofensa, iniquidade, desobediência, etc.;
  2. Domínio, poder, reino, senhor, etc., e;
  3. Perda da marca, perda do padrão, perda da perfeição, etc.

Perspectiva judaica

A concepção judaica de pecado, se considerarmos a Bíblia, é difusa, pois se faz acompanhar de considerações extraídas do Talmud e da Cabala. Na essência, o Judaísmo considera pecado a violação de um mandamento divino, ou seja, da Lei Judaica, que não é necessariamente uma falta moral. Nesse diapasão, para o judaísmo, pecado é um ato, não uma condição a que o indivíduo está sujeito.

Segundo o judaísmo, há diferentes termos no Antigo Testamento, para fazer referência a diferentes tipos de pecado e dentre eles, destacamos:

  1. chet é utilizado quando o pecado é cometido por erro ou, por descuido;
  2. avon é utilizado quando o pecado é fruto de desejo ou, de paixão e;
  3. pesha, por um ato de rebelião contra o Deus.

O judaísmo descreve o homem como responsável pelo pecado, por gozar de livre-arbítrio, mas que, por ter uma natureza fraca, tende para o mal. Apesar de não considerar o pecado uma condição ou, estado do ser, o judaísmo descreve a humanidade como incapaz de escolher o bem, em vez do mal, e que todos os homens nascem em pecado, em decorrência da consequência dos atos de Adão.

Ora, os termos hebraicos chet[10] (חֵטְא ou, חֲטָאָה), comumente traduzidos por pecado, serviam para fazer referência a qualquer erro como, quando um lanceiro erra o alvo (Juízes 20:16). Além do significado secular, o termo serve para fazer referência ao erro de desobedecer ao mandamento de Deus.

Outro termo é pesha (פֶּשַׁע), utilizado para fazer referência a uma transgressão intencional do que foi estabelecido por Deus. É um termo que, também, significa maldade, maléfico, ruindade, rebeldia, comumente traduzido por transgressão, por violar o mandamento.

A palavra avon (עָוֹן), geralmente, traduzida como ‘vaidade’ ou, ‘iniquidade’, geralmente aparece em conexão com a ideia de perversão ou, de um ato de distorção do que Deus estabeleceu, para satisfazer outros fins.

O termo abar (עבר), também é utilizado para fazer referência à transgressão de um mandamento ou, da aliança estabelecida por Deus.

Ora, todos os termos mencionados até aqui servem para descrever a desobediência do homem a um mandamento de Deus, como se lê:

“Mas eles transgrediram a aliança, como Adão; eles se portaram, aleivosamente, contra mim.” (Oséias 6:7).

Adão recebeu um mandamento e transgrediu, os filhos de Israel, por sua vez, receberam uma aliança e transgrediram. Diferentemente, de Israel, Adão estava vivo para com Deus, quando recebeu o mandamento, que era para preservar-lhe a vida, e os filhos de Israel estavam mortos para Deus, quando receberam a aliança, que era para conceder-lhes vida.

“Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, observando-os o homem, viverá por eles. Eu sou o SENHOR.” (Levítico 18:5).

Adão pecou, no sentido de transgredir um mandamento, e os filhos de Israel, igualmente, pecaram, ao transgredir uma aliança. A cada quesito da lei que transgrediam, os filhos de Israel multiplicavam as suas iniquidades.

“Porque as nossas transgressões se multiplicaram perante ti e os nossos pecados testificam contra nós, porque as nossas transgressões estão conosco e conhecemos as nossas iniquidades;” (Isaías 59:12).

Em um único verso, o profeta Isaías fez uso dos três termos que mencionamos antes, traduzidos por pecado: pesha, chat e avon e todos eles foram utilizados para demonstrar a desobediência dos filhos de Israel, com relação à aliança, posicionamento que pode ser escrito através do termo hamartia, no sentido de ofensa, iniquidade, desobediência.

No entanto, há versículo no Antigo Testamento que aponta para a humanidade, como um todo, sem excetuar os judeus, como, por exemplo, o Salmo 53, a que o apóstolo Paulo faz referência:

“Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma, pois, já dantes, demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado. Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.  Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram e, juntamente, se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.” (Romanos 3:9-12).

Ao citar o Salmo 53, o apóstolo Paulo evidencia que o salmista não estava tratando de transgressão de uma lei, mas, de uma condição que é própria a todos os homens: sujeição ao pecado.

‘Pecado’ em Romanos 3, verso 9, tem conotação de força, domínio, senhorio, poderio, e não de ato, ação. Já o verso 12 descreve a condição do homem sob domínio do pecado: Todos se extraviaram e, juntamente, se fizeram inúteis, ou seja, a condição de extraviado, inútil, é o mesmo que perda da marca, perda do padrão, perda da perfeição, condição que se nomeia pecado.

Perspectiva Católica

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, no seu parágrafo 1849, o pecado:

“é uma falta contra a razão, a verdade, a reta consciência. É uma falha contra o verdadeiro amor para com Deus e para com o próximo, por causa dum apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e atenta contra a solidariedade humana. Foi definido como ‘uma palavra, um ato ou, um desejo contrário à Lei eterna.’”[11].

Já, no parágrafo 1852, o mesmo Catecismo apresenta variedades de pecados:

“É grande a variedade dos pecados. A Sagrada Escritura nos fornece várias listas. A Epístola aos Gálatas opõe as obras da carne aos frutos do Espírito: «As obras da natureza decaída (“carne”) são claras: imoralidade, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, inimizades, discórdias, ciúmes, fúrias, rivalidades, dissensões, facciosismos, invejas, excessos de bebida e de comida e coisas semelhantes a estas. Sobre elas vos previno, como já vos tinha prevenido: os que praticam ações como estas, não herdarão o Reino de Deus» (Gl 5, 19-21) (93)” Idem.

No parágrafo 1854, o pecado é subdividido em pecado mortal e pecado venial, em relação à sua gravidade:

“Os pecados devem ser julgados segundo a sua gravidade. A distinção entre pecado mortal e pecado venial, já perceptível na Escritura (94), impôs-se na Tradição da Igreja. A experiência dos homens corrobora-a.”. Idem.

Analisando o Catecismo da Igreja Católica, qualquer falta do homem é tida por pecado, pois, todos os equívocos do homem são um atentado contra ‘a razão, a verdade ou, a reta consciência’, e pode se concretizar, através de ‘uma palavra, um ato ou, um desejo’.

Como tudo o que o homem realiza se concretiza por palavra, ato ou, desejo e tudo envolve questão de razão, verdade e consciência, resta que a gama de equívocos a que o homem é suscetível é enorme e, do ponto de vista humano, envolvem gradações, ao que o Catecismo deu o nome de pecados capitais e veniais.

Do que foi sintetizado acima, a definição de pecado, que consta do Catecismo Católico, está eivada de equívocos e imprecisões terminológicas, em decorrência do pensamento dos seus grandes padres: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, que entenderam o pecado como “desordem” (Faust. 22; S.Th.1-2,71,6).

Santo Agostinho, por exemplo, considerou o pecado como uma palavra, um ato ou, um desejo contrário à Lei eterna, que seria expressa em uma lei natural, nos Dez mandamentos e na determinação em amar. O pecado deixa de ser visto como um ato de rebelião contra Deus, para um ato que fere a natureza humana. Nesse sentido, qualquer falta do indivíduo contra a lei, moral, costumes, religião é tido por pecado.

Pela gama de comportamentos desregrados, a Igreja Católica rotulou os pecados em função das virtudes e dos mandamentos, que lhes são antagônicos. A oposição entre virtude e vícios é bem evidente, surgindo, assim, a ideia dos sete pecados capitais: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça, vícios decorrentes de uma prática constante de certos pecados.

Além de classificar o pecado em sete vícios, a doutrina católica distingue o pecado em três categorias:

  1. pecado original – O primeiro casal desobedeceu a Deus e todos os seus descendentes, apesar de não terem culpa, estão sujeitos a esse pecado. Esse ‘pecado’, segundo a concepção Católica, faz com que o homem esteja sujeito à ignorância, ao sofrimento, ao poder da morte e inclinado ao pecado;
  2. pecado mortal – tem por base o tripé: falta grave, consciência plena e anuência deliberada, o que conduz o homem à morte eterna e o homem não alcança a graça divina;
  3. pecado venial – pode ser falta leve ou, grave, mas, sem pleno conhecimento ou, sem consentimento pleno; o homem pode se redimir das faltas, sofrendo as penas do Purgatório.

Do que analisamos, acerca da concepção Católica de pecado, o único pecado que podemos considerar ‘capital’, foi a ofensa de Adão, pois, pela ofensa de Adão, entrou o pecado (senhor) no mundo e pelo pecado, a morte (alienação de Deus). Ora, se todos os homens estão mortos em delitos e pecados (Efésios 2:1), não há que se falar em ‘pecado capital’ para quem já sofreu a pena capital, por causa de um só que pecou (1 Coríntios 15:22).

Para todos quantos, ainda, não ouviram a mensagem do evangelho ou, ouviram e não creram em Cristo, não há que se falar em pecado capital, pois, todos estão mortos em delitos e pecados e são alvo da ira divina. Por isso é dito: filhos da desobediência e filhos da ira (Efésios 2:2-3). A ofensa de Adão não se enquadra na classificação Católica de pecado capital e não possui correspondência com nenhum dos seus tipos.

Observe a concepção Católica, acerca do pecado Mortal:

“O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, tal como o próprio amor. Tem como consequência a perda da caridade e a privação da graça santificante, ou seja, do estado de graça. E se não for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no Inferno, uma vez que a nossa liberdade tem capacidade para fazer escolhas definitivas, irreversíveis. No entanto, embora nos seja possível julgar se um ato é, em si, uma falta grave, devemos confiar o juízo sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.” CIC – 1861

Enquanto a concepção Católica coloca a liberdade humana como essencial ao pecado mortal, a Bíblia revela que, o que torna o homem pecador não é a liberdade, antes o fato de ser filho da desobediência e da ira. Todos os homens quando entram no mundo, apesar de livres quanto à vontade, por natureza estão sujeitos ao pecado e são alvos da ira de Deus.

Ao nascer, o homem entrou por uma porta larga, que dá acesso a um caminho largo, que o conduz à perdição ou, seja, o homem já nasce alienado de Deus, excluído da sua glória (Romanos 3:23). A exclusão do reino de Cristo e a morte eterna no inferno não ocorre através do exercício da liberdade que é próprio ao homem, antes, o homem já nasce em um caminho, cujo destino do caminho, não o destino do homem, é a morte.

Para o crente em Cristo há, sim, as figuras do pecado para a morte e do pecado que não é para morte, uma vez que, pelo fato de estar em Cristo, está vivo para Deus, e morto para o pecado.

“Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte e por esse não digo que orem. Toda a iniquidade é pecado e há pecado que não é para morte.” (1 João 5:16-17).

O pecado para morte decorre do pensamento de que Jesus não é o Cristo ou, que Jesus não veio em carne ou, que é necessário se circuncidar para ser salvo ou, seja, são posicionamentos doutrinários que depõem contra a pessoa de Cristo ou, contra a eficácia do evangelho.

Considerando que ‘todas as coisas são lícitas’ aos cristãos, com a ressalva de que nem todas são convenientes ou, que edificam, percebe-se que o pecado mortal não decorre de um atentado contra ‘a razão, a verdade ou a reta consciência’ e nem se concretiza através de ‘uma palavra, um ato ou, um desejo’, mas, sim, abraçar outro evangelho que não o de Cristo.

“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.” (1 Coríntios 10:23).

A justificação do homem se dá por intermédio do evangelho de Cristo, de modo que, se o homem abandonar o evangelho e tentar se justificar por qualquer outro modo, incorre no pecado que é para a morte.

“Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.” (Gálatas 5:4).

Perspectiva evangélica e protestante

Em linhas gerais, o segmento protestante e o evangélico não classifica pecado em venial, mortal ou, capital e nem crê em purgatório. Do ponto de vista teológico, faz-se alusão ao pecado original como consequência decorrente da ofensa de Adão somente como uma inclinação herdada, inclinação essa que afeta todos os homens para a prática do mal.

A abordagem que os padres da antiguidade fizeram ao pecado original tinha o condão de explicar a origem da imperfeição humana, do sofrimento e da existência do mal, uma forma de fazer a teologia dialogar com a filosofia. Hoje, tais questões persistem, sem falar que os teólogos evangélicos e protestantes não se atêm em demonstrar somente a condenação da humanidade em Adão, mas, também, abordam questões como culpa, consciência, responsabilidade, por parte do pecador. O pecado deixou de ser somente uma questão teológica, para ser um problema de antropólogos e psicanalistas.

As concepções em torno do ‘pecado original’ fomentaram discussões no passado, dando origem a diversos segmentos doutrinários, como o Pelagianismo e o Semipelagianismo e, com a reforma, o Calvinismo e o Arminianismo.

O conceito teológico que nega o pecado original, a corrupção da natureza humana, o servo arbítrio (arbítrio escravizado, cativo) e a necessidade da graça divina para a salvação foi desenvolvida por Pelágio da Bretanha (350—423 d. C), um monge ascético. A abordagem de Pelágio não teve a Bíblia como supedâneo, visto que, na concepção dele, os cristãos em Roma eram indecentes e, moralmente, reprováveis e atribuiu tal desvelo a uma publicação de Agostinho (Confissões), onde este afirmava que ninguém podia ser continente (abster-se da imoralidade), a menos que Deus lhe desse essa dádiva.

Agostinho de Hipona, contraponto ao pelagianismo, foi influenciado pelo maniqueísmo e, logo depois, pelo neoplatonismo de Plotino, desenvolvendo uma abordagem da teologia, de modo a dialogar com a filosofia. Agostinho associa o pecado à culpa que o gênero humano herdou de Adão e Eva, após sucumbirem à tentação do Diabo e, devido ao seu orgulho e egoísmo, rejeitarem o amor e a obediência devida a Deus.

João Calvino, por sua vez, deixou de lado a concepção de que as pessoas são criadas boas e que se tornaram corrompidas pelo pecado, o que faz com que sejam imperfeitas e, excessivamente, auto interesseiras e seguiu a tradição de Agostinho de Hipona, para compor as bases da doutrina reformada: o Pecado Original, de que a corrupção da natureza humana foi causada por causa do primeiro pecado de Adão e Eva. Do Pecado Original tem-se as bases para a chamada Depravação Total, que por sua vez, leva à doutrina da predestinação, através de uma eleição incondicional.

O posicionamento doutrinário Arminiano, em vários aspectos, se assemelha à dos Calvinistas, mas, diverge sobre a abordagem da predestinação e do livre arbítrio, porém, também, afirma a doutrina do pecado original.

O Pecado Original

O pecado original é uma doutrina bíblica que explica como a humanidade ficou aquém do propósito eterno de Deus, propósito esse estabelecido na eternidade e na pessoa do Seu Filho, Jesus Cristo (Efésios 3:10-11).

A doutrina do pecado original não tem o condão de explicar as imperfeições humanas, o sofrimento dos justos, dos inocentes ou, de quem quer que seja, e nem a existência do mal no mundo. Tampouco, a doutrina do pecado original tem relação com a moral, os bons costumes, a imoralidade, a sexualidade ou, a culpa, etc.

Propósito eterno

Antes da criação do homem, Deus propôs, em si mesmo, fazer convergir em Cristo todas as coisas e, para isso, se fez necessário fazer o Cristo: a) primogênito entre muitos irmãos (Salmo 89:27) e; b) o mais elevado e sublime dos reis da terra (Isaías 52:13).

Somente, através da Igreja, que é o corpo de Cristo, que se compreende de que modo Cristo foi exaltado, soberanamente, pois, através da Igreja, Cristo assume a posição de primogênito entre muitos irmãos (Efésios 1:22). Com relação à posição de rei, é através de Abraão e Davi que Cristo é constituído rei sobre o monte Sião, tendo os gentios por herança e os termos da terra por possessão (Gênesis 2:6-8).

Quando Deus disse no Éden: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus e sobre o gado, e sobre toda a terra e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.” (Gênesis 1:26), foi o ‘start’ para levar a efeito o seu propósito de fazer o Seu Filho unigênito primogênito, o sublime entre sublimes: a cabeça da igreja.

É comum entender-se que Adão foi feito à imagem e semelhança de Deus, com domínio sobre as obras de suas mãos, porém, se analisarmos o Salmo 8, percebe-se que quem alcançou tal prerrogativa foi o Filho do homem:

“Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? Pois, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés:” (Salmo 8:4-6).

“Mas, em certo lugar testificou alguém, dizendo: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou, o filho do homem, para que o visites? Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste, e o constituíste sobre as obras de tuas mãos; todas as coisas lhe sujeitaste, debaixo dos pés. Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que lhe não esteja sujeito. Mas, agora, ainda, não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas. Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.” (Hebreus 2:6-9).

O escritor aos Hebreus esclarece o que foi dito no Gênesis, que é a Cristo que Deus sujeitou todas as coisas, conforme o Salmo 8, e o apóstolo Paulo, por sua vez, esclarece que Adão foi criado à imagem do Cristo, que haveria de vir, e não a expressa imagem do Deus invisível, que é Cristo. (Romanos 5:14)

De toda criação de Deus, Cristo alcançou a preeminência: a cabeça da igreja. Ao entrar no mundo, o unigênito de Deus se fez semelhante aos homens em tudo, mas, ao ressurgir dentre os mortos, o primogênito de Deus alçou a posição de semelhante ao Altíssimo, a expressa imagem do Deus invisível (Hebreus 1:3; Colossenses 1:15).

O pecado de Lúcifer

Lúcifer não guardou a sua posição, ao desejar alcançar o mesmo status, que era próprio do Criador, na pessoa de Cristo: a semelhança do Altíssimo. É que ele disse, no seu coração, que subiria ao céu e que, acima das estrelas de Deus, exaltaria o seu trono. A intenção de Lúcifer era galgar uma hierarquia acima dos anjos, a posição de semelhante ao Altíssimo (Isaías 14:13-14).

A intenção de Lúcifer nunca foi ser igual a Deus ou, tomar o lugar do Criador, pois, ele sabia que é impossível a qualquer criatura assumir a posição de Deus. O intento de Lúcifer era ser semelhante ao Altíssimo, posição que foi dada ao Filho do homem e a todos quantos se fizerem um só corpo com Ele (1 João 3:1-2).

Satanás pecou, ao intentar lançar mão de uma glória que não lhe pertencia e não por desobedecer a um mandamento específico. O pecado de Lúcifer foi semelhante ao de Uzias, rei em Israel, que não guardou a sua posição, mas, quis exercer o ministério de sacerdote, função que ninguém toma para si. (2 Crônicas 26:16-21; Hebreus 5:4)

“Eu sou o SENHOR, este é o meu nome, a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura.” (Isaías 42:8; Salmo 110:4).

No propósito eterno que Deus estabeleceu em Cristo, tem-se resposta para o motivo de Deus haver criado o homem: reunir em Cristo todas as coisas.

“Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus, como as que estão na terra;” (Efésios 1:9-10).

Quando Adão foi criado, o foi para o beneplácito que Deus propusera em Si mesmo, o que nos remete à pessoa do último Adão. Sendo o primeiro Adão, natural e terreno, haveria de produzir descendentes, conforme a sua espécie ou, seja, todos os descendentes de Adão trazem a imagem do terreno. Cristo, por sua vez, sendo do céu, na posição de último Adão, concede aos homens tornados celestiais, que sejam conformes a sua imagem (1 Coríntios 15:45-49).

Liberdade

Deus criou o homem livre, em todos os sentidos, e deu lhe uma lei, como garantia dessa plena liberdade:

“De toda árvore do jardim comerás, livremente, mas, da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás, porque, no dia em que dela comeres, certamente, morrerás.” (Gênesis 2:16-17).

Se não fosse a lei e a árvore do conhecimento do bem e do mal, colocada no meio do jardim, como Adão saberia que era livre, sem a possibilidade de perder tal prerrogativa? Adão era tão livre, que ele foi alertado das consequências de comer da árvore, que estava no meio do jardim.

No exercício de sua livre decisão, Adão comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal e, por força da lei santa, justa e boa, que alertava para não comer do fruto, tendo em vista a consequência: a morte – o homem se tornou sujeito ao pecado.

“Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou e por ele me matou. E, assim, a lei é santa e o mandamento santo, justo e bom. Logo, o bom se me tornou em morte? De modo nenhum, mas, o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte, pelo bem, a fim de que, pelo mandamento, o pecado se fizesse, excessivamente, maligno.” (Romanos 7:11-13).

Embora, a lei dada no Éden ou, a lei dada ao povo de Israel, não seja pecado, contudo, por ela vem o conhecimento do pecado (Romanos 7:7). É, através da lei que instituiu ‘não cobiçarás’, que surge a concupiscência. Como o homem é suscetível à concupiscência, o pecado, pelo mandamento, toma ocasião, visto que, sem a lei, o pecado inexiste (Romanos 7:8).

Através do ‘eu’, o apóstolo Paulo apresenta a condição da humanidade sem lei (nalgum tempo vivi sem lei), uma representatividade de Adão, no ‘eu’. Com o mandamento, o pecado ganha existência e o homem morre (Romanos 7:9).

Condenação à morte

Como a humanidade morreu? A concupiscência dos olhos atraiu Eva, porque a árvore era boa para se comer, o fruto era agradável à vista e desejável, por causa do entendimento. Ora, não foi Satanás que obrigou Eva e nem Adão, antes, Eva foi tentada, quando atraída e engodada pela sua própria concupiscência (Tiago 1:14). Ao vir à existência a concupiscência, ela dá luz ao pecado. Como? Através da desobediência à lei.

“Mas, cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tiago 1:14-15);

“E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer e agradável aos olhos, árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto e comeu, deu, também, a seu marido e ele comeu com ela.” (Gênesis 3:6).

Como é evidente, Adão e Eva não morreram fisicamente, no ato de comerem do fruto, porque a morte produzida pela desobediência, primordialmente, não era física, mas espiritual ou, seja, produziu o afastamento do homem de Deus.

Ao desobedecerem ao mandamento do Éden, nossos primeiros pais romperam sua comunhão com Deus e passaram a viver tateando, nas trevas, até que a Semente da mulher, Cristo, restaurasse essa comunhão, novamente.

A lei e a sua força

O problema não está na cobiça, mas, na lei, que determina que não se cobice, pois, na lei, há uma penalidade e é na penalidade que está a morte, de modo que o aguilhão da morte é o pecado: “Ora, o aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a lei.” (1 Coríntios 15:56).

Adão viveu por um tempo sem lei, assim, como, também, os filhos de Israel viveram um tempo sem lei, mas, quando adentraram no deserto, os seus corações malignos expuseram toda malignidade, idolatria e concupiscência. A lei que foi dada com uma promessa, aos que a cumprissem, transmutou-se em maldição:

“Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém.” (Deuteronômio 27:26);

“Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, observando-os o homem, viverá por eles. Eu sou o SENHOR.” (Levítico 18:5).

O pecado que tomou ocasião pelo mandamento diz de um senhor, um poder, uma condição, cuja existência se dá por força da lei. Ao ser atraído pelo seu próprio desejo, o homem se enche da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida e aí dá luz à iniquidade: a transgressão da lei. (1 João 2:16),

No Éden, Adão cometeu iniquidade, ofensa, pois quebrou um mandamento, uma aliança. Os filhos de Israel, igualmente, mas, foram aleivosos e não honraram a aliança feita com os pais e quebraram essa aliança, estabelecida na lei mosaica.

Adão cometeu uma ofensa (pecado, iniquidade) e todos os seus descendentes passaram a ser escravos do pecado. Os filhos de Israel, apesar de escravos do pecado, quando resgatados do Egito, se tornaram livres como nação, mas, como tropeçaram (pecado, iniquidade) no mandamento, os seus filhos foram entregues à servidão dos povos estrangeiros.

Como já pontuamos, no início deste artigo, o termo ἁμαρτία remete a três ideias distintas:

  1. Ofensa, iniquidade, desobediência, etc.;
  2. Domínio, poder, reino, senhorio, etc., e;
  3. Perda da marca, perda do padrão, perda da perfeição, etc.

Adão e os filhos de Israel incorreram na ἁμαρτία descrita pelas letras ‘a’ e ‘b’. Primeiro, incorreram em ofensa a uma lei, quando eram livres, e o resultado foi venderem a sua prole, respectivamente. Adão vendeu a sua prole a um senhor e os filhos de Israel aos estrangeiros. Adão era livre do pecado e os filhos de Israel, livres como nação, embora estes, por serem descendentes de Adão, fossem escravos do pecado.

Gentios

E os gentios? Não incorreram em nenhuma iniquidade, porém, estavam todos debaixo das mãos de um senhor, o pecado, por causa da morte. Os gentios viviam alienados de Deus, porém, existiam sem lei e a única lei que seguiam era as leis que criavam para si mesmos.

“Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem, naturalmente, as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei;” (Romanos 2:14).

Se os gentios estabelecem leis para eles mesmos, pela consciência que dispõem (Romanos 2:12 -13), e, naturalmente, executam o que os judeus não cumpriram, apesar da letra (lei), certamente, os gentios estão em posição de julgar como transgressores, os que tem a letra e a circuncisão, (Romanos 2:27).

No entanto, não há um melhor, entre judeus e gentios, pois, todos, por causa da ofensa de Adão, pecaram ou, seja, perderam a marca, ficando aquém do propósito que Deus estabeleceu em Cristo: a preeminência.

Todos os gerados em Adão são vasos para desonra, criados para a perdição, por causa da ofensa. Todos são plantas que o pai não plantou, por causa da semente que lhes deu origem. Assim, como de um fruto de árvore é dito que pecou, por não ser próprio para o consumo (não serve ao propósito para o qual foi criado), todos pecaram, por estarem aquém do propósito que Deus estabeleceu em Cristo.

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;” (Romanos 3:23).

O pecado e a morte

O sentido de ‘todos pecaram’ não decorre de iniquidade, ofensa, transgressão, que  deriva de uma ‘concupiscência’, em desobediência a uma lei de Deus, específica. Na verdade, a expressão ‘todos pecaram’, por um erro que comprometeu a própria essência do ser, impede esse ser de estar apto ao seu propósito, que se amolda à definição do item ‘c’.

“No entanto, a morte reinou desde Adão, até Moisés; até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir.” (Romanos 5:14).

A morte estabeleceu domínio até mesmo sobre os que não pecaram à semelhança da ofensa de Adão, ou seja, mesmo sobre os que não transgrediram um mandamento específico ou, que não praticaram uma iniquidade como Adão.

O pecado original não comprometeu a estrutura física do homem terreno e nem a imagem que Adão recebeu no Éden, visto que os dons de Deus são irrevogáveis. O que foi concedido não é tomado por Deus. No entanto, com a ofensa, a comunhão que havia com Deus foi rompida e o homem de luz, reto, santo, justo, bom, verdadeiro, passou à condição de trevas, iníquo, imundo, injusto, vil, mentiroso.

Ora, quando é dito que o homem se tornou mau, contrapõe a Deus que é bom, no sentido de nobre. Isso quer dizer que o homem se tornou mau, no sentido de inferior, ralé, não que o homem se tornou reprovável moralmente. Quando é dito que todos os homens são mentirosos, é uma descrição da natureza humana, em contraste com Deus que é verdadeiro, enquanto nobre.

“De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado.” (Romanos 3:4, Salmo 116:11).

Não é porque os homens são vis, mentirosos, trevas, maus, que não possuem a capacidade de acudir aos seus semelhantes nas suas necessidades, antes, por não terem comunhão com o Criador, não tem em si o que é próprio à natureza divina, portanto, são designados maus.

“Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” (Mateus 7:11);

“Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.” (Mateus 12:34).

Ao abordar a ἁμαρτία do modo que evidenciamos, estamos tratando a questão através da perspectiva bíblica que utiliza a linguagem que era própria ao homem da antiguidade.

Aristóteles, na obra A Política, cita Helena de Teodecto:

“Quem se atreverá chamar-me serva, a mim, que tenho descendência divina, por ambos os lados?” [12]

O posicionamento da personagem Helena vai ao encontro da ideia antiga de que o homem descende de homem, animais de animais e o virtuoso, somente de pais virtuosos.

O pensamento do homem grego vinculava a nobreza às questões de sangue, de modo que, os gregos consideravam a posição dos seus nobres, em qualquer lugar que estivessem, no entanto, com relação aos bárbaros, os gregos os consideravam nobres somente quando dentro dos seus limites territoriais. [13]

Aristóteles destaca que, admitir o posicionamento acima, é admitir que só há virtude e vício e que a virtude está para o homem livre e o vício para o escravo. Hoje, virtude e vício possuem outra concepção, pois se impregnou esses termos de questões comportamentais, com conteúdo moralizante, sendo que, na antiguidade, virtude e vício eram condições que se herdavam de berço.

Quando Jesus chama os seus interlocutores de maus, não tem em vista vícios do ponto de vista do comportamento e da moral humana, antes, destaca que os escribas e fariseus não descendiam de Deus (1 João 3:9), conforme apontava as Escrituras:

“Corromperam-se contra ele; não são seus filhos, mas a sua mancha; geração perversa e distorcida é.” (Deuteronômio 32:5);

“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.” (João 8:34).

Os judeus que diziam que os que criam em Cristo não eram filhos de Deus, mas uma mancha, de fato não eram livres, por conseguinte, Jesus podia acusá-los de ‘escravos’, pois necessitavam de liberdade.

Se Davi, que foi rei em Israel, apontou para a sua mãe, consciente de que em iniquidade foi formado, vez que o seu povo quebrou a aliança com Deus e que em pecado foi concebido, vez que sobre toda a humanidade pesa a ofensa de Adão, o que poderiam alegar os súditos de Davi? Que nunca foram escravos de ninguém?

Se Davi, como rei de Israel, declarou que descendia de uma mulher, como poderia ele alegar filiação divina? Com que base alegar que tem por pai a Deus, se Deus nega que os filhos de Israel são seus filhos?

“Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus.” (João 8:41);

“Corromperam-se contra ele; não são seus filhos, mas a sua mancha; geração perversa e distorcida é.” (Deuteronômio 32:5).

Os escribas e fariseus eram maus por causa do primeiro pai da humanidade, Adão, e como não deixaram circuncidar o coração, recebendo a Deus por pai, eram perversos, vis, ralé, baixos, mentirosos, etc.

Para pertencerem à comunidade de Israel, os descendentes israelitas eram circuncidados pelos seus pais biológicos, mas, semelhantemente, se quisessem ser filhos de Deus, precisavam se permitir serem circuncidados por Deus.

“Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz.” (Deuteronômio 10:16).

O pecado à porta

A primeira vez que o termo hebraico חַטָּאָה, transliterado chatta’ah, traduzido por pecado, quando empregado no Gênesis, foi no alerta de Deus a Caim. Se considerarmos a ideia de que chet é utilizado, quando ‘o pecado é cometido por erro ou, por descuido’, o termo, de per si, não se amolda ao contexto de Caim e Abel.

“Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta e sobre ti será o teu desejo, mas, sobre ele deves dominar.” (Gênesis 4:7).

Se o leitor não compreender que o substantivo ‘pecado’, a que Deus faz referência, refere-se a um senhor e que ‘porta’, na antiguidade, se referia ao local de domínio nas cidades, a conclusão a que chegará, é que Deus estava estabelecendo o homicídio como pecado.

O que foi dito a Caim é complexo, visto que, se ele procedesse de modo correto ou, não, a condição dele diante de Deus não mudaria, em função da ofensa de Adão. Se fizesse o bem, não seria aceito por Deus e se não fizesse, também, não seria aceito, vez que o pecado já exercia domínio sobre os homens.

Entretanto, apesar de o pecado exercer domínio, Caim era livre quanto aos seus desejos e tinha, por obrigação, gerenciá-los. Embora, sob domínio do pecado, a vontade de tirar a vida de Abel era proveniente de uma insatisfação própria, diferente da ideia de que a morte de Abel foi resultado de uma espécie de ‘possessão’ do pecado. Com relação ao desejo de matar, quem deveria controlar tal despautério era o próprio Caim.

Vale frisar que o vocábulo ‘portas’ se refere a domínio  e não, como geralmente leem, como um evento que está prestes a ocorrer. (Deuteronômio 5:14; Jó 29:7; Salmo 24:7)

“Seu marido é conhecido nas portas e assenta-se entre os anciãos da terra.” (Provérbios 31:23).

Como se pensa o pecado hoje

Em nossos dias, o termo pecado é utilizado para fazer referência a todo e qualquer comportamento humano moralmente transviado ou, ao descumprimento de qualquer questão legal de um país. Se o comportamento de uma pessoa não segue as leis vigentes ou, a moral imposta pela sociedade ou, ainda, por um sistema religioso, rotula-se tal comportamento como ‘pecado’ e a pessoa é tida por ‘pecadora’.

Esse entendimento, pertinente à humanidade, hoje, se assemelha ao posicionamento de Adão que, após desobedecer ao Criador (uma ação gravíssima que trouxe o pecado e a morte ao mundo), se ocupou em remediar o fato de ele e a mulher estarem nus, sem se preocuparem com a ofensa e os seus efeitos (Gênesis 3:7). O posicionamento de Adão nos remete a considerar que a ofensa, pela perspectiva de Adão, foi um ato de somenos importância, quando analisamos as decisões dele, após a descoberta de que estavam nus.

O erro se instalou no mundo por causa da desobediência, mas, o que, visivelmente, abalou a Adão, foi a consciência que adquiriu com o fruto do conhecimento do bem e do mal. Ao descobrir que estava despido, procurou remediar aquela circunstância de imediato: fez um avental de folhas de figueira, pois sabia que teria um encontro com Deus na viração do dia.

A fala: ‘Ouvi a tua voz soar no jardim e temi, porque estava nu e me escondi.’ (Gênesis 3:10), deveria ser: ‘Ouvi a tua voz soar no jardim e temi, porque desobedeci a tua ordem e comi da árvore do conhecimento do bem e do mal’. A fala de Adão demonstra que a sua preocupação era outra, como se ele não houvesse desobedecido ao Criador e que não haveria consequências para o seu ato.

De igual modo, os descendentes de Adão (humanidade) reputam pecado toda e qualquer ação ou omissão que os deixa envergonhados perante os seus semelhantes, e não atinam que a essência do problema da humanidade não está nas ações cotidianas, mas, sim, na natureza que todos herdam de Adão.

Tudo que desperta senso de culpa no homem acaba sendo rotulado como pecado. Se alguém vê o outro jogando comida fora, logo diz: ‘Que pecado!’, em vez de dizer: ‘Que desperdício!’.

Doutrinariamente, na sua grande maioria, os teólogos vinculam pecado à depravação do caráter ou, à conduta[14]. Nesse diapasão, alguns sustentam que a salvação visa a recuperação moral e física do homem, pois, entendem a salvação como transação ética [15].

Com a ofensa veio a condenação e, da condenação, a morte, mas, apesar de estar separado de Deus, o que aflorou em Adão foi um sentimento de vexação em razão de estar despido. A humanidade não atina que a sua condição diante de Deus é de condenação e morte, o que vincula o homem ao pecado (João 3:18; Romanos 5:18), no entanto, qualquer conduta que traga vergonha, culpa, reputam-na pecado. Pecado é a condição do homem separado de Deus, e não o fato de estar nu.

Deus não havia dado mandamento algum ao casal, acerca de estar ou não nu, mas, Adão e Eva tiveram medo de se apresentarem a Deus por estarem nus (Gênesis 3:10), tanto que se preocuparam em fazer uma vestimenta. O problema de Adão não estava no conhecimento que acabara de lançar mão, o conhecimento do bem e do mal, que o tornou como Deus (Gênesis 3:22). O problema não estava no fato de terem os olhos abertos para perceberem que estavam nus, mas, sim, por ter entrado no mundo o pecado (senhor) e a morte (aguilhão), em razão da ofensa. O problema, também, não estava no fato de estarem sem vestimentas, mas, na consequência direta da ofensa, na força da lei que o pecado achou ocasião e introduziu (a morte) no mundo.

Deus não havia dado mandamento, acerca de vestimentas. Não havia proibição da parte de Deus, com relação ao casal estar ou não nu. Mas, o que preocupou o casal foi o alerta da consciência, em função do conhecimento adquirido e, por isso, se envergonharam. No entanto, não se envergonharam de ter desobedecido ao mandamento de não comerem o fruto da árvore do conhecimento e nem pensaram em como remediar tal ato.

Dentro dessa perspectiva, o maior número de perguntas formuladas por internautas é sobre condutas que possam ser pecado. Poucos compreendem que o homem é pecador por estar aquém do propósito que Deus estabeleceu em Cristo, antes querem saber quais comportamentos são ou não pecado.

Colocar brinco é pecado? Colocar piercing é pecado? Tatuagem é pecado? Dormir nu é pecado? Etc.

Analisando a última questão, estar nu ou, vestido, não muda a natureza do homem, portanto, o que torna o homem pecador é a sujeição ao pecado e não ficar nu. Pecado é o que afeta a natureza do homem e, para tanto, basta nascer, que já é pecador. A condição do pecador não se altera em função de um evento, local ou,  temporal. Isto posto, se ficar nu fosse pecado, necessariamente, jamais o indivíduo poderia tirar a roupa, mesmo quando fosse se higienizar.

Como o apóstolo Paulo é claro, ao dizer que tudo é lícito, o crente em Cristo pode tomar banho à vontade ou, dormir despido, sem temer a volta de Cristo. No entanto, quando for dormir despido, tem de se verificar se é conveniente fazê-lo, em razão de emergências ou, por questões de saúde, mas, jamais pôr em xeque a esperança da salvação em Cristo, em razão dessa questão.

Há crentes que só dormem vestidos, por medo de Jesus voltar e serem surpreendidos despidos.

“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.” (1 Coríntios 10:23).

E sair na rua nu, é pecado? Pelas mesmas razões acima não é pecado, no entanto, a sociedade reprime tal comportamento e, mesmo que Deus não proíba tal prática, quem assim proceder será punido pela sociedade. Outro entrave quanto a andar nu nas ruas, refere-se à verdade do evangelho, pois, ao se expor, o cristão dá aso a ser julgado pela consciência dos não cristãos.

“Mas, se alguém vos disser: Isto foi sacrificado aos ídolos, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude. Digo, porém, a consciência, não a tua, mas a do outro. Pois, por que há de a minha liberdade ser julgada pela consciência de outrem?” (1 Coríntios 10:28).

Percebe-se, através do evento, no qual o casal se descobriu nu que, apesar de Deus não lhes dar mandamento algum, por si mesmos criaram leis para reger as ações entre si, como diz o apóstolo Paulo: “… não tendo eles lei, para si mesmo são lei;” (Romanos 2:14). Inúmeras leis e regras surgiram no mundo, desde as tradições orais, até o surgimento de códigos, como o de Hamurabi, na Mesopotâmia.

Um cidadão da Mesopotâmia que desobedecesse ao Código de Hamurabi podia ser acusado de crime, mas, não de ser iníquo ou, pecador, pois, tal código não foi dado por Deus, antes, surgiu da interação entre os homens que, em função da consciência, possuem um tribunal interno, quer acusando-os, quer defendendo-os.

Hoje, pela má leitura do termo pecado, qualquer infringência legal, inconformidade moral ou, deformidade de caráter se rotula o indivíduo como pecador. Ora, do ponto de vista bíblico, todos os homens, judeus e gentios, são pecadores, por serem escravos do pecado, em função da ofensa de Adão, mas, somente os judeus desobedientes à lei dada por Deus são denominados iníquos.

“Não terão conhecimento os que praticam a iniquidade, os quais comem o meu povo, como se comessem pão e não invocam ao SENHOR?” (Salmos 14:4).

Lembrando que o pecado estava à porta, antes mesmo da lei ser instituída ou, seja, muito antes da lei, o pecado já exercia domínio sobre todos os descendentes de Adão, por isso é evidente que todos pecaram (Romanos 5:12).

“Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei.” (Romanos 5:13).

Como o pecado está à porta, o argumento de que ‘o pecado não é imputado se não há lei’ resulta inválido, visto que, desde Adão, até Moisés, a morte reinou absoluta sobre todos os homens, o que demonstra que todos pecaram (Romanos 5:14).

Ingerir alimentos não é pecado, mas, por razões de saúde ou, por regras de etiqueta, considera-se errado comer em demasia, no entanto, tal atitude passou a ser rotulada como um dos pecados capitais: a glutonaria.

Observe se que uma conduta tida por errada passou a ser rotulada como pecado, em função da pretensa ‘experiência’, distinguida por alguém como cristã e da má leitura de algumas passagens bíblicas.

“Os vícios podem classificar-se segundo as virtudes a que se opõem, ou relacionando-os com os pecados capitais que a experiência cristã distinguiu, na sequência de São João Cassiano (102) e São Gregório Magno (103). Chamam-se capitais, porque são geradores doutros pecados e doutros vícios. São eles: a soberba, a avareza, a inveja, a ira, a luxúria, a gula e a preguiça ou negligência (acédia)” nº 1866, do Catecismo da Igreja Católica.

A experiência[16] humana, seja ela cristã, judaica ou gentílica, não são o crivo para estabelecer se este ou aquele comportamento é pecado. Pela experiência que possuíam, os escribas e fariseus chamaram Jesus de comilão e beberrão (Mateus 11:19), porque Jesus se assentava a comer com os ‘pecadores’.

Jesus instruiu a multidão que foi à festa, em Jerusalém, a não julgarem segundo a aparência, mas segundo a reta justiça: “Não julgueis segundo a aparência, mas, julgai segundo a reta justiça.” (João 7:24). Qual o sentido de não julgar segundo a aparência? Não julgar segundo preceitos e doutrinas de homens, que visam o exterior do homem (Mateus 23:25-26).

E o que é julgar segundo a reta justiça? É analisar o homem, segundo o estabelecido nas Escrituras. Segundo a aparência, os fariseus pareciam justos aos homens (Mateus 23:28), mas as Escrituras depunham contra os filhos de Israel, de que eles não eram filhos de Deus e que não invocavam a Deus (Salmos 53:4; Deuteronômio 32:5).

Salta aos olhos uma lista apresentada pelo apóstolo Paulo aos Gálatas, na qual ele aponta a bebedeira e a glutonaria como ações que impedem o homem de entrar no reino dos céus.

“Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.” (Gálatas 5:21).

Esse versículo, isolado do seu contexto, produz uma falsa ideia de que, para entrar nos céus, o crente não pode exagerar na comida. Mas, quando consideramos outros textos, que deixa claro que comida e bebida não faz o homem agradável a Deus (1 Coríntios 8:8), que o reino dos céus não é comida e nem bebida (Romanos 14:17), e que quem come não é melhor do que aquele que não come, certo é que a interpretação do verso 21, de Gálatas 5, é bem mais complexa do que parece.

O leitor precisa de perspicácia para perceber que, quando faz referência à inveja, o apóstolo Paulo estava destacando o evento da revolta de Coré, Datã e Abirão.

“E invejaram a Moisés no campo e a Arão, o santo do SENHOR.” (Salmo 106:16).

Os homicídios remetem ao derramamento de sangue inocente, quando os pais sacrificaram os filhos aos ídolos.

“E derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e de suas, filhas que sacrificaram aos ídolos de Canaã; e a terra foi manchada com sangue.” (Salmo 106:38).

Quando fala de bebedices e glutonarias como ‘obra da carne’, o apóstolo Paulo tem em mente o evento, no qual os filhos de Israel se deixaram levar pela cobiça e tiveram desejo de comer carne e murmuraram contra Moisés (Salmo 106:14 -15), rotulando o maná como pão vil (Números 21:5). Deus prometeu carne, em abundância, que causaria fastio (Números 11:18-20) e, por causa desse desejo e cobiça torpe, muitos pereceram quando a carne ainda estava nos dentes (Números 11:33-34).

“Então comeram e se fartaram bem; pois lhes cumpriu o seu desejo. Não refrearam o seu apetite. Ainda lhes estava a comida na boca,” (Salmo 78:29-30).

Quando se fizeram idólatras, os filhos de Israel se assentaram a comer, a beber e a folgar (1 Coríntios 10:7), o que demonstra que não viviam segundo a palavra de Deus, que é espírito, mas, segundo a carne (mandamento de homens), que produz morte.

“E no dia seguinte madrugaram e ofereceram holocaustos, trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se a comer e a beber; depois se levantou a folgar.” (Êxodo 32:6).

Ao falar das obras da carne, o apóstolo dos gentios não estava julgando segundo a aparência, se este ou, aquele, estava comendo de mais ou, de menos, antes, estava instruindo os cristãos, segundo a reta justiça ou, seja, utilizando o exemplo de desobediência dos filhos de Israel para que os cristãos não incorressem em desobediência e incredulidade (1 Coríntios 10:6; Hebreus 4:11).

A revolta de Coré evidencia a essência de quem é carnal, pois, trouxe inveja, contendas e dissensões ao arraial. Os cristãos, por serem espirituais, não podiam aceitar partidarismos, pois, essa não é a essência do evangelho de Cristo.

“Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais e não andais segundo os homens?” (I Coríntios 3:3).

Ao escrever aos cristãos, em Roma, o apóstolo Paulo disse:

“A noite é passada e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne, em suas concupiscências.” (Romanos 13:12-14).

Para a exposição acima, o apóstolo dos gentios recomenda aos cristãos a se sujeitarem às autoridades constituídas, uma questão que os judeus eram refratários (Romanos 13:1). No mesmo capítulo, o apóstolo instrui acerca do amor, o que, consequentemente, leva à obediência dos mandamentos da lei (Romano 13:8-9).

Quando o apóstolo dos gentios enfatiza que a noite é passada, refere-se às questões judaicas e o dia, às questões do evangelho. Os cristãos deveriam rejeitar as obras das trevas, ou seja, as obras da carne, e se revestirem da armadura de Deus, que é o evangelho.

O ‘andar honestamente’, como de dia, se refere ao abster-se do vinho da contenda (Efésios 5:18), que traz dissoluções, contendas, invejas, porfias, etc., que é uma referência à doutrina dos judaizantes, vinho proveniente das vinhas dos campos de Sodoma e Gomorra, que traz destruição.

“Porque a sua vinha é a vinha de Sodoma e dos campos de Gomorra; as suas uvas são uvas venenosas, cachos amargos têm.” (Deuteronômio 32:32; Isaías 1:10).

Aquele que se reveste de Cristo pensa nas coisas que são de cima (Colossenses 3:1) e não nas que são da terra, como quando o reino de Israel será restaurado (Atos 1:6). Os judeus, no afã de ‘restaurarem’ o reino, acabaram sendo destruídos pelo general Tito.

O apóstolo Pedro fez a mesma abordagem que o apóstolo Paulo, quando utiliza a figura ‘glutonaria’. Ele lembra que, com relação ao tempo que restava aos cristãos na carne, que deveriam viver segundo a vontade de Deus (evangelho) e não em imundas concupiscências.

Se não analisarmos direito, parece que as ‘imundas concupiscências’ se referem ao apetite desordenado (1 Pedro 4:3), mas, na verdade, o apóstolo da circuncisão estava denunciando o atrevimento e a obstinação dos judeus, vez que desprezaram as autoridades constituídas, em função da esperança terrena que nutriam.

“Mas, principalmente, aqueles que, segundo a carne, andam em concupiscências de imundícia e desprezam as autoridades; atrevidos, obstinados, não receando blasfemar das dignidades;” (2 Pedro 2:10).

O irmão Judas faz referência aos judaizantes como adormecidos e que rejeitam a dominação e vituperam as dignidades (Judas 1:8) e vaticina: “Ai deles! porque entraram pelo caminho de Caim e foram levados pelo engano do prêmio de Balaão e pereceram na contradição de Coré.” (Judas 1:11).

Esses são os carnais (sensuais), que causam divisões, que se reúnem com os cristãos, mas, não são filhos de Deus. São uma mancha nas festas dos cristãos! (Judas 1:12 e 19 e 23).

Lavar as mãos, segundo o rito de purificação dos judeus, para serem salvos, é o mesmo que imundas concupiscências, mas, se o cristão lavar as mãos, por questões de higiene pessoal, apesar de ser um ato semelhante, não é obra da carne.

Por que é imprescindível compreendermos a natureza do pecado? Para não incorremos em conceitos dessa lavra:

“A santificação é a obra continua de Deus na vida do crente, tornando-o realmente santo. Por ‘santo’ entende-se aqui ‘portador de uma verdadeira semelhança com Deus’. A santificação é um processo pelo qual a condição moral da pessoa é moldada, de acordo com sua situação legal diante de Deus” Erickson, Millard J., Introdução à Teologia Sistemática, pág. 417.

Salvação é libertação da condenação à morte, por causa de um só que pecou e não uma ‘transação ética’. Santificação se dá por intermédio do evangelho, pois, o homem é limpo pelas palavras de Cristo, não por ter uma moral moldada.

O equívoco de muitos intérpretes está em considerar as obras da carne como vinculadas à ideia de que os termos gregos utilizados pelo apóstolo Paulo, em Gálatas 5, versos 19 a 21, remetem dentro da sociedade greco-romana. Entender que os termos porneia, akatharsia, aselgeia, eidololatria, descrevem o comportamento e a moral dos gregos, é desconsiderar o exposto pelo mesmo apóstolo, de que a lei foi feita para os injustos, obstinados, ímpios e pecadores:

“Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade, a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro.” (Gálatas 3:19);

“Sabendo isto, que a lei não é feita para o justo, mas, para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, para os devassos, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã doutrina, conforme o evangelho da glória do Deus bem-aventurado, que me foi confiado.” (1 Timóteo 1:9-11).

O apóstolo dos gentios estava falando do comportamento dos gentios ou, do posicionamento dos judeus, contrários ao evangelho de Cristo?

William Barclay, no seu Livro ‘As obras da carne e o fruto do espírito’, ao fazer referência a porneia (prostituição), assim disse:

“É significativo o fato de que é com este pecado que Paulo começa. A vida sexual do mundo greco-romano nos tempos do NT era um caos sem lei. J.J. Chapman, descrevendo os tempos em que vivia Luciano, na primeira metade do século II, escreve: “Luciano vivia numa época em que a vergonha parecia ter sumido da terra”. Barclay, William, As obras da carne e o fruto do Espírito, Tradução Gordon Chown, Ed. Edições Vida Nova, SP, 1988, pág. 26.

Essas seriam as obras da carne:

“Quando a frouxidão moral grega invadiu Roma, tornou-se tristemente mais grosseira. Hiberina, diz Juvenal, não se sente mais satisfeita com um só homem, do que se sentiria com um só olho (Juvenal: Sátiras 6.55). As mulheres romanas, diz Sêneca, casavam-se para serem repudiadas e divorciavam-se para casar-se de novo. Algumas delas distinguiam entre os anos, não pelos nomes dos cônsules, mas pelos nomes dos seus maridos.” Idem, pág. 27.

Barclay confessa:

“Deve ser notado que todas as evidências que aduzimos a respeito da imoralidade sexual indescritível do mundo contemporâneo com o Novo Testamento provêm, não dos escritores cristãos, mas dos pagãos que estavam enojados consigo mesmos.” Idem, pág. 28.

Enquanto muitos intérpretes das escrituras, como Barclay, olham para a literatura e conteúdo histórico, produzido por membros das sociedades greco-romanas para interpretarem o termo grego porneia, o apóstolo Paulo estava, simplesmente, olhando para as Escrituras, pois elas foram deixadas para instruir em verdade e em justiça e avisar, enquanto que os filhos de Israel foram postos por figuras e exemplos.

“E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. (…) ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.” (1 Coríntios 10:6 e 11).

“Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência. Porque a palavra de Deus é viva e eficaz e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes e penetra até a divisão da alma e do espírito, das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” (Hebreus 4:11-12).

Enquanto muitos intérpretes procuram, entre os gentios, exemplos de porneia, basta olharmos para as Escrituras, para vermos que os ‘promíscuos’ eram os filhos de Israel.

“E disse o SENHOR a Moisés: Eis que dormirás com teus pais; e este povo se levantará e prostituir-se-á, indo após os deuses estranhos na terra, para cujo meio vai e me deixará e anulará a minha aliança, que tenho feito com ele.” (Deuteronômio 31:16);

“Mas chegai-vos aqui vós, os filhos da agoureira, descendência adulterina e de prostituição.” (Isaías 57:3);

“Já vi as tuas abominações, os teus adultérios, os teus rinchos e a enormidade da tua prostituição, sobre os outeiros no campo; ai de ti, Jerusalém! Até quando, ainda, não te purificarás?” (Jeremias 13:27);

“E não fossem como seus pais, geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo espírito não foi fiel a Deus.” (Salmos 78:8).

Antes de falar acerca das obras da carne e do fruto do espírito, o apóstolo Paulo estava condenando a circuncisão, reputando-a como fermento que leveda toda a massa (Gálatas 5:9). Quando o apóstolo diz que as obras da carne são manifestas, ele está destacando as obras decorrentes de mandamentos de homens, estabelecidas por aqueles que confiam na carne: os judaizantes.

“Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão; porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito,  nos gloriamos em Jesus Cristo e não confiamos na carne. Ainda que, também, podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda, mais eu: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu; segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era ganho, reputei-o perda por Cristo.” (Filipenses 3:2-7).

As abordagens ‘obras da carne’ e ‘fruto do espírito’ são um contraponto entre mandamentos de homens, que fazem uso equivocado da lei e do evangelho, que é o mandamento de Deus a todos os homens. Aqueles que andam no espírito, ou seja, no evangelho, não cumprem as concupiscências da carne, pois, crucificaram a carne com Cristo, bem como, as suas concupiscências.

“E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.” (Gálatas 5:24-25).

Ora, é nítido que a ‘carne’ crucificada não fala do comportamento moral degradante dos gentios à época, mas, da paixão e da concupiscência que devem ser reputadas como esterco, para se ter a Cristo.

O Cordeiro de Deus que tira o pecado

Jesus é o enviado de Deus, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (João 1:29). O pecado que é tirado, não possui relação com as condutas que os homens adotam, segundo a sua consciência, que é gerida em função do conhecimento do bem e do mal ou, segundo mandamentos de homens.

O pecado que é arrancado, refere-se à aniquilação do que detinha o império da morte, o adversário, pois, somente, assim, os que estavam sujeitos à servidão podem ser livres.

“E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também, Ele, participou das mesmas coisas, para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam, por toda a vida, sujeitos à servidão.” (Hebreus 2:14-15).

Através da sua morte, Jesus livrou a todos que, com medo da morte, estavam sujeitos à servidão. A servidão se instalou pela desobediência de um só que pecou (iniquidade), e não pelo conhecimento, proveniente do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, que orienta os homens quanto às suas decisões, segundo a consciência.

Jesus não veio livrar a humanidade de suas questões de ordem moral ou, comportamental. Jesus não veio estabelecer regras sobre vestimentas, regras de alimentação, regras de convivência, porque, através da sua morte, Jesus neutralizou o aguilhão do pecado!

O leitor precisa ter bem claro na mente que não são as más ações que alienam o homem de Deus e nem as boas ações que aproximam o homem de Deus. Priorizar as boas ações não aproxima o homem de Deus, visto que o bem conhecido pelo homem é proveniente do fruto de uma mesma árvore, cujo fruto continha o conhecimento, tanto do bem, quanto do mal.

Nesse aspecto, é imprescindível compreender que o bem que o homem faz, só aproveita ao próximo e a si mesmo e não faz o homem mais ou menos agradável a Deus.

“Se pecares, que efetuarás contra ele? Se as tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás? Se fores justo, que lhe darás ou, que receberá ele da tua mão? A tua impiedade faria mal a outro, tal como tu; e a tua justiça aproveitaria ao filho do homem.” (Jó 35:6-8).

O conhecimento do bem e do mal está vinculado ao mesmo fruto e, ao homem, compete, dentro dos ditames da consciência, guiar-se pelo conhecimento adquirido, para tomar suas decisões. O conhecimento que produz salvação decorre da revelação de Deus, através do evangelho, o qual dá testemunho, que o Jesus de Nazaré é o Filho de Deus.

O pecado pelo qual Cristo morreu, refere-se a uma escravidão, de modo que, o corpo do pecado, ao ser crucificado, juntamente, com Cristo, é aniquilado, para que o homem, nascido de novo, não sirva mais ao pecado. Quando é dito ‘não sirvamos mais ao pecado’, o apóstolo Paulo não está falando de tropeço, viver honesto, caráter, moral, etc., mas de servidão ao pecado.

“Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.” (Romanos 6:6);

“Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” (1 Pedro 2:24).

Quando o evangelista João diz que os nascidos de Deus não pecam, isso significa dizer que os nascidos de Deus não são mais escravos do pecado. Não podem pecar, porque a semente de Deus permanece no nascido de novo, portanto, é livre no Senhor e passa à condição de servo da justiça.

Não peca porque, agora, pertence a Deus, pois, os que pecam, pertencem ao diabo. Além do mais, Cristo não é ministro do pecado, se alguém acredita que o crente em Cristo é pecador.

“Pois, se nós, que procuramos ser justificados em Cristo, nós mesmos, também, somos achados pecadores é, porventura, Cristo ministro do pecado? De maneira nenhuma.” (Gálatas 2:17);

“Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.” (1 João 3:8).

Há quem conteste a verdade de que o crente não peca e, por isso, não atina para a verdade de que, quem peca, é escravo do diabo (João 8:34). Se alguém admitir que o crente peca, certamente, tem de admitir que o tal pertence ao diabo, portanto, que não está em Deus e nem Deus nele.

Quando a Bíblia diz que os nascidos de Deus não pecam, não temos em vista tropeços morais ou, o desejo de se portar de modo honesto em todas as coisas, mas, o fato de que, quem tem, em si, a semente divina, jamais pode ser denominado escravo, conforme posicionamento evidenciado na antiguidade, através da fala de Helena de Teodecto[17].

“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.” (João 8:34).

O que torna um homem pecador não são as suas boas ou, más ações, pois, mesmo os que praticam boas ações, segundo a religião ou, a consciência, não são justificados diante de Deus.

“O fariseu, estando em pé, orava dessa maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem, ainda, como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo.” (Lucas 18:11-12).

E mesmo aqueles que praticam más ações, do ponto de vista da moral e da lei, apesar de apenados pelos seus erros, são aceitos por Deus, como foi aceito o rei Davi.

Consciência 

Quando a Bíblia diz que aqueles que creem em Cristo são filhos de Deus (1 Jo 3:1-2), nascidos de semente incorruptível (1 Pedro 1:23) e, por isso, não podem pecar (1 João 3:9; 1 João 5:18), há quem não aceita essa verdade, pois, baliza a sua compreensão pela experiência diária, não segundo a reta justiça, que é a palavra de Deus.

Tiago declara que todos os cristãos, inclusive ele, tropeçam em muitas coisas (Tiago 3:2). Pergunta-se: um erro, um equívoco, um deslize, um tropeço de conduta, de caráter, de moral, faz o crente voltar a se sujeitar ao jugo da servidão do pecado? Se já morreu para aquilo que estava retido? Evidente que não!

Só voltam a se submeter ao jugo da servidão, aqueles que apostatarem da fé, ou seja, se voltarem à circuncisão, guarda de dias, festas, luas, etc. Quem assim procede, separado está de Cristo, portanto, Cristo de nada aproveita para quem rejeita o evangelho (Gálatas 5:2-4).

Os cristãos, com relação ao comportamento, devem adotar o posicionamento apontado pelo escritor aos Hebreus:

“Orai por nós, porque confiamos que temos boa consciência, como aqueles que, em tudo, querem portar-se honestamente.” (Hebreus 13:18).

O escritor aos Hebreus acreditava ter uma boa consciência, porque havia adotado um posicionamento de ‘portar-se honestamente, em tudo’. Ele iria conseguir? Dificilmente, devido às inúmeras questões, decorrentes de religiosidade, nacionalidade, filosofia, etc.

O que se espera de um cristão é a honestidade, tanto para os que estão de fora, quanto para com os seus irmãos em Cristo. Mas, apesar de acreditar possuir boa consciência, até que ponto ele pode deixar de ser julgado pela consciência alheia?

O comportamento do cristão é regido pela sua consciência, mas, por estar em Cristo, o seu porte torna-se evidente na sociedade. É próprio dos que não possuem boa consciência falarem mal de quem segue a Cristo, mas, o bom porte do cristão deve contradizer o mal que propagam. “Tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom porte em Cristo.” (1 Pedro 3:16).

Dentro da perspectiva de que tudo é licito, o apóstolo Paulo evidencia que tudo é puro para aqueles que estão em Cristo, mas, nada é puro para os impuros, uma vez que o entendimento e a consciência dos impuros estão contaminados.

“Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes, o seu entendimento e consciência estão contaminados.” (Tito 1:15).

Para um cristão não há contaminação, se comer sem lavar as mãos, mas, para um impuro, que acredita que comer, sem lavar as mãos, contamina o homem, para esse nada é puro.

“São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem.” (Mateus 15:20).

Ora, o entendimento e a consciência dos judaizantes estavam contaminados com mandamentos de homens e para eles, nada era puro. (Marcos 7:3; Isaías 29:13).

Nesse aspecto, o apóstolo Paulo tinha uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens, visto que, mesmo sendo servo de Cristo, ao adentrar nas sinagogas, procedia segundo as práticas dos judeus, sem gritarias, ofensas, acusações, etc.

“E por isso procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus, como para com os homens. Ora, muitos anos depois, vim trazer à minha nação esmolas e ofertas. Nisto me acharam já santificado no templo, não em ajuntamentos, nem com alvoroços, uns certos judeus da Ásia, os quais convinha que estivessem presentes perante ti e me acusassem, se alguma coisa contra mim tivessem.” (Atos 24:16-19).

O posicionamento de quem é livre no Senhor e tem boa consciência é maravilhoso. Observe:

“Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos, para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. E eu faço isso por causa do evangelho, para ser, também, participante dele.” (1 Coríntios 9:19-23).

Para analisarmos todas as nuances acerca do tema pecado, escreveríamos livros e livros e não esgotaríamos o tema. Mas, de tudo que foi apresentado, certo é que quem, ainda, está em busca dos rudimentos da doutrina, não está experimentado na palavra da verdade, pois é menino.

Mas, aquele que maneja bem a palavra da verdade é perfeito (Tiago 3:2) e, em razão do costume, tem os sentidos exercitados para discernir, tanto o bem como o mal (Hebreus 5:13-14).

Correção ortográfica: Pr. Carlos Gasparotto

[1] “266 αμα ρτι α hamartia de 264; TDNT – 1:267,44; n f 1) equivalente a 264 1a) não ter parte em 1b) errar o alvo 1c) errar, estar errado 1d) errar ou desviar-se do caminho de retidão e honra, fazer ou, andar no erro 1e) desviar-se da lei de Deus, violar a lei de Deus, pecado 2) aquilo que é errado, pecado, uma ofensa, uma violação da lei divina em pensamento ou, em ação 3) coletivamente, o conjunto de pecados cometidos seja por uma única pessoa ou, várias. Sinônimos ver verbete 5879”. Dicionário Bíblico Strong.

[2] “458 ανομια anomia de 459; TDNT – 4:1085,646; n f 1) a condição daquele que não cumpre a lei 1a) porque não conhece a lei 1b) porque transgride a lei 2) desprezo e violação da lei, iniquidade, maldade. Sinônimos ver verbete 5879”. Dicionário Bíblico Strong.

[3] “93 αδικια adikia de 94; TDNT 1:153,22; n f 1) injustiça, de um juiz 2) injustiça de coração e vida 3) uma profunda violação da lei e da justiça, ato de injustiça”. Dicionário Bíblico Strong.

[4] “4102 πιστις pistis de 3982; TDNT – 6:174,849; n f 1) convicção da verdade de algo, fé; no NT, de uma convicção ou, crença que diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e com as coisas divinas, geralmente, com a ideia inclusa de confiança e fervor santo nascido da fé e unido com ela 1a) relativo a Deus 1a1) a convicção de que Deus existe e é o criador e governador de todas as coisas, o provedor e doador da salvação eterna em Cristo 1b) relativo a Cristo 1b1) convicção ou fé forte e benvinda de que Jesus é o Messias, através do qual nós obtemos a salvação eterna no reino de Deus 1c) a fé religiosa dos cristãos 1d) fé com a ideia predominante de confiança (ou confidência) seja em Deus ou, em Cristo, surgindo da fé no mesmo 2) fidelidade, lealdade 2a) o caráter de alguém em quem se pode confiar”. Dicionário Bíblico Strong.

[5] “3900 παραπτωμα paraptoma de 3895; TDNT – 6:170,846; n n 1) cair ao lado ou, próximo a algo 2) deslize ou, desvio da verdade e justiça 2a) pecado, delito. Sinônimos, ver verbete 51”. Dicionário Bíblico Strong.

[6] “264 αμαρτανω hamartano, talvez, de 1 (como partícula negativa) e a raiz de 3313; TDNT – 1:267,44; v 1) não ter parte em 2) errar o alvo 3) errar, estar errado 4) errar ou, desviar-se do caminho da retidão e honra, fazer ou, andar no erro 5) desviar-se da lei de Deus, violar a lei de Deus, pecado”. Dicionário Bíblico Strong.

[7] “1525 εισερχομαι eiserchomai de 1519 e 2064; TDNT – 2:676,257; v 1) ir para fora ou vir para dentro: entrar 1a) de homens ou animais, quando se dirigem para uma casa ou, para uma cidade 1b) de Satanás tomando posse do corpo de uma pessoa 1c) de coisas: como comida, que entra na boca de quem come 2) metáfora; 2a) de ingresso em alguma condição, estado das coisas, sociedade, emprego 2a1) aparecer, vir à existência, começar a ser 2a2) de homens, vir perante o público 2a3) vir à vida 2b) de pensamentos que vêm a mente”. Dicionário Bíblico Strong.

[8] “A ideia de que moralidade e ética podiam ser codificadas era recente, mesmo nos dias de Aristóteles, e resultava menos de um impulso para prescrever ou, pregar, do que da incessante indagação de questões e proposição de soluções, que caracterizavam o início da filosofia grega”. MCLEISH, K. Aristóteles: a Poética de Aristóteles, tradução de Raul Fiker, São Paulo, UNESP, 2000, pág. 13.

[9] “I. hamartia (ἁμαρτία) é, literalmente, “perda da marca”, mas esse significado etimológico quase que se perdeu por completo no Novo Testamento”. Vine, W. E., e outros, Dicionário VINE, O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento, Tradução de Luís Aronde Macedo, Ed. CPAD, 2002.

[10] “02399 חטא chet’ procedente de 2398; DITAT – 638a; n m 1) pecado 1a) pecado 1b) culpa pelo pecado 1c) punição pelo pecado”, Dicionário Bíblico Strong; “02403 חטאה chatta’ah ou חטאת chatta’th, procedente de 2398; DITAT – 638e; n f 1) pecado, pecaminoso 2) pecado, oferta pelo pecado 2a) pecado 2b) condição de pecado, culpa pelo pecado c) punição pelo pecado 2d) oferta pelo pecado 2e) purificação dos pecados de impureza cerimonial”, Dicionário Bíblico Strong.

[11] CIC § 1849 < http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p3s1cap1_1699-1876_po.html > Consulta realizada em 17/06/18.

[12] Aristóteles, A Política < http://www.uel.br/projetos/acropolis/pages/arquivos/Politica%20texto%20bilingue.pdf > Pesquisa em 06/07/18.

[13] “O mesmo ocorre com a nobreza. Consideram-na dos povos cultivados como pura e existente em toda a parte; a dos povos bárbaros, como local e boa, somente para eles. Distinguem o homem livre do escravo, a nobreza do vulgo, pelas vantagens e vícios de nascimento. Como diz a Helena de Teodecto: Escrava, eu? Que homem tão audacioso poderia chamar assim uma filha dos deuses. Os que partilham desta opinião não diferenciam o escravo do homem livre, o nobre do plebeu, senão pela distância entre o vício e a virtude; e, como o homem vem do homem e o animal do animal, acham que o bom só pode vir do bom.” Aristóteles, A Política < http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_aristoteles_a_politica.pdf > Consulta realizada em 07/07/18.

[14] “Por meio do pecado, o homem se tornou o recipiente de uma natureza depravada; e a expressão inevitável da mesma, é a depravação do caráter e conduta”. Bancroft, E. H., Teologia Elementar, EBR, 2001, pág. 226.

[15] “Visto que o espírito do homem é o centro de seu ser ético e, uma vez que a salvação é, principalmente, transação ética, segue-se que o homem precisa ser espiritualmente despertado…” Bancroft, E. H., Teologia Elementar, EBR, 2001, pág. 227.

[16] “A filosofia e a teologia são, essencialmente, uma transcrição e uma interpretação da experiência humana e a experiência humana é de que há um conflito na alma. Para Paulo, tratava-se de uma guerra entre duas forças opostas, que chamava de carne e espírito. “Porque a carne milita contra o Espírito,” disse ele, “e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si” (Gl 5.17).” Barclay, William, As obras da carne e o fruto do Espírito, Tradução Gordon Chown, Ed. Edições Vida Nova, SP, 1988. Pág. 13.

[17] “Quem se atreverá a chamar-me serva, a mim, que tenho descendência divina, por ambos os lados?” Aristóteles, A Política.

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

One thought on “O que se entende por pecado?

  • Bom dia, a paz do senhor Jesus!
    Se eu não estiver equivocado, este texto é uma análise mais profunda deste versículo:
    “Hebreus 9:28 assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam.”
    Ouvindo este capítulo hoje pela manhã, imediatamente Lembrei-me deste artigo.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *