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A promessa é firme: o Bem-aventurado seria livre, conservado em vida, abençoado na terra e o Pai não o deixaria à mercê dos seus inimigos (v. 2), contudo, o premio proposto só foi alcançado porque Jesus esvaziou-se, voluntariamente, da sua glória ( Fl 2:7 -8), o que O tornou sujeito ao dia do mal “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” ( Hb 12:2 ).


SALMO  41

  1. BEM-AVENTURADO é aquele que atende ao pobre; o SENHOR o livrará no dia do mal.
  2. O SENHOR o livrará, e o conservará em vida; será abençoado na terra, e tu não o entregarás à vontade de seus inimigos.
  3. O SENHOR o sustentará no leito da enfermidade; tu o restaurarás da sua cama de doença.

De posse da informação de que os salmos são profecias ( 1Cr 25:1 ), e que eles fazem referência a pessoa de Cristo ( Lc 24:44 ), constataremos se o texto do Salmo 41 também aplica-se a pessoa e vida de Cristo ( Jo 5:39 ; Sl 40:7 ).

Para interpretar este salmo é necessário identificarmos quem atende o pobre e quem é o pobre.

O salmista faz imprecações de bênçãos a alguém em específico que atende, ou seja, que socorre os pobres. Seria o salmista Davi? Não!

Quem é que atende o pobre?

Socorrer os pobres é ação exclusiva do Senhor, sendo certo que esta glória Ele não dará a ninguém “Pela opressão dos pobres, pelo gemido dos necessitados me levantarei agora, diz o SENHOR; porei a salvo aquele para quem eles assopram” ( Sl 12:5 ).

A previsão de Davi neste salmo faz referência ao seu Descendente e Senhor, que é Cristo ( Sl 22:43 ), pois de seu Filho disse pelo Espírito: “Disse o Senhor ao meu Senhor: assenta-te à minha mão direita até que eu ponha os teus inimigos por estrado de teus pés” ( Mt 22:44 ; Sl 110:1 ), o Senhor que se levantará para por a salvo os pobres.

Certo é que o Senhor que se ‘levantará’ do Salmo 12 verso 5 diz de Cristo, assim como o Bem-aventurado que atende o pobre do Salmo 41 verso 1, e aquele que se compadece do aflito e do pobre salvando a alma dos necessitados “Compadecer-se-á do pobre e do aflito, e salvará as almas dos necessitados” ( Sl 72:13 ). Cristo é o nome pelo qual Deus salva os pobres e aflitos livrando os necessitados que clamarem ( Sl 72:12 ), por isso mesmo todos os reis se prostrarão perante Ele ( Sl 72:11), e n’Ele todas as nações serão abençoadas ( Sl 72:17 ).

Ele é o bem-aventurado em quem os homens serão abençoados “O seu nome permanecerá eternamente; o seu nome se irá propagando de pais a filhos enquanto o sol durar, e os homens serão abençoados nele; todas as nações lhe chamarão bem-aventurado ( Sl 72:17 ); “E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra ( Gn 12:3 ).

Quem é o pobre?

Os pobres, por sua vez, não se tratam dos descamisados do povo, dos homens desprovidos de posses, dos mendigos, dos maltrapilhos, dos sem pátria, etc., pois na Lei está claro e Jesus reiterou: nunca deixará de haver pobre na terra ( Dt 15:11 ; Mt 26:11 ).

Os termos ‘pobres’, ‘necessitados’, ‘tristes’, ‘quebrantados’, etc., são figuras bíblicas utilizadas para fazer referencia a uma condição espiritual pertinente aos homens, quer detentores de muitos bens materiais ou totalmente desprovidos deles, homens que reconhecem a sua miséria em decorrência do pecado herdado de Adão e, que em consequência, procuram se socorrer de Deus.

São termos que apresentam uma figura profética para fazer referencia aos errados de espírito que se deixam ser instruir pelo Senhor Jesus “E os errados de espírito virão a ter entendimento, e os murmuradores aprenderão doutrina” ( Is 29:24 ); “Os aflitos e necessitados buscam águas, e não há, e a sua língua se seca de sede; eu o SENHOR os ouvirei, eu, o Deus de Israel não os desampararei” ( Is 41:17 ).

É por isso que Jesus disse: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” ( Mt 5:3 ), pois Cristo é o descanso do cansado e o refrigério daqueles que atenderem o convite: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” ( Mt 11:28 ); “Ao qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; porém não quiseram ouvir” ( Is 28:12 ).

‘Pobre’ e ‘abatido’ são figuras para fazer referencia a todos que obedecem (treme) a palavra de Deus “Porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas foram feitas, diz o SENHOR; mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra” ( Is 66:2 ; Is 11:4 ).

Os que confiam no Senhor faz parte dos conselhos dos pobres ( Sl 14:6 ; Lc 4:18 ; Is 29:19 ), contrastando com o conselho dos ímpios, que são os loucos, os arrogantes, os ricos ( Sl 1:1 ; Ap 3:17 ).

O salmista registra, pelo Espírito, a promessa de que Deus há de livrá-Lo no dia do mal, ou seja, um dia em que o Filho de Davi e Senhor haveria de entregar o seu espírito nas mãos do Pai (v. 1).

Mas, para que Cristo se tornasse o Bem-aventurado e aquele que socorre os pobres e aflitos, teve que primeiro se sujeitar ao dia mal, tornando se menor que os anjos por causa da paixão da morte ( Hb 2:9 ), e em tudo tornar-se semelhante aos homens para aniquilar o que tinha o império da morte ( Hb 2:14 ).

Somente após sujeitar-se ao dia mal, Cristo alcançou o sacerdócio possibilitando-O a interceder pelos seus irmãos ( Hb 2:17 ), conquistaria o poder de livrar os pobres que estavam por toda a existência sujeitos ao pecado ( Hb 2:17 ).

A promessa é firme: o Bem-aventurado seria livre, conservado em vida, abençoado na terra e o Pai não o deixaria à mercê dos seus inimigos (v. 2), contudo, o premio proposto só foi alcançado porque Jesus esvaziou-se, voluntariamente, da sua glória ( Fl 2:7 -8), o que O tornou sujeito ao dia do mal “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” ( Hb 12:2 ).

As promessas continuam no verso 3, onde é garantido ao Bem-aventurado guarida mesmo no leito de ‘enfermidade’ e, por fim, a promessa de restauração (v. 3).

Cristo só foi restituído a sua glória porque primeiro se despiu dela e, como servo foi obediente até a morte “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” ( Fl 2:8 ; Jo 17:5 ).

Cristo é o bem-aventurado que atende ao pobre, pois:

  • Deus o livrou no dia do mal (v. 1);
  • Deus o livrou e o conservou em vida (v. 2);
  • Deus não o entregou à vontade de seus inimigos;
  • Deus o restaurou da sua cama (morte) de doença (v.3).

 

4. Dizia eu: SENHOR, tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti.

O Salmo 41 dá ênfase às agruras que o Servo do Senhor se sujeitou segundo a vontade do Pai, aspecto diferente da ênfase que o Salmo 38 apresenta, onde é apresentado o Servo perfeito: cego e mudo.

A partir do verso 4 o próprio Senhor que atende o pobre, em Espírito, toma a palavra na previsão do salmista e utiliza o pronome na primeira pessoa: “Dizia eu: Senhor, tem piedade de mim…” (v. 4).

Por que o Bem-aventurado clama por piedade? Porque só o Pai podia livrá-lo da morte “O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia” ( Hb 5:7 ).

Para compreender por que o Bem-aventurado roga ao Pai para que a sua alma seja curada, faz-se necessário considerar que Ele tomou sobre si as enfermidades e as dores da humanidade, ou seja, o que o tornou ‘enfermo’ foi o pecado dos homens, pois é certo que o Servo do Senhor não pecou “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido” ( Is 53:4 ); “O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano” ( 1Pe 2:22 ; Is 53:9 ).

Cristo rogou ao Pai em decorrência das ‘enfermidades’ e ‘dores’ que tomou sobre si, pois foi em decorrência das transgressões e iniquidades que Ele foi ferido e moído ( Is 53:5 ). Pelo fato de ter levado sobre si o pecado de muitos, em suplica ao Pai disse por intermédio da pena de Davi: “SENHOR, tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti” (v. 4), isto porque, foi constituído por Deus sacerdote e teve que ser participante da mesma natureza dos homens para ser Mediador, sendo que na intercessão inclui-se entre os que precisam de salvação “E possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados; pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza” ( Hb 5:2 ).

O Senhor Jesus esteve no ‘leito da enfermidade’ (v. 3), porque foi do agrado do Pai moê-lo quando tomou sobre si o pecado de muitos ( Is 53:12 ), porque foi posto por expiação do pecado ( Is 53:10 ) e Deus fez cair sobre Ele a iniquidade de todos “… porque as iniquidades deles levará sobre si” ( Is 53:11 ; Is 53:6 ; Lv 16:21 ).

Ao verso 4 aplica-se a mesma abordagem do salmos 38 e 40, pois se faz necessário considerar que Cristo é o Servo do Senhor cego e mudo. Que o bode da expiação e o bode emissário são figuras representativas da sua pessoa e obra redentora e, que, portanto, quando da leitura dos salmos onde se tem um verso semelhante a este: “Porque eu declararei a minha iniquidade; afligir-me-ei por causa do meu pecado” ( Sl 38:18 ), basta verificar se há alguma alusão à cegueira ou surdez, como se lê: “Mas eu, como surdo, não ouvia, e era como mudo, que não abre a boca (…) e em cuja boca não há reprovação” ( Sl 38:13 -14), para poder concluir que o salmo aplica-se ao Messias, pois se na boca não há reprovação, segue-se que o coração é humilde e manso, pois a boca fala do que há no coração ( Mt 12:34 ).

 

5 Os meus inimigos falam mal de mim, dizendo: Quando morrerá ele, e perecerá o seu nome?

6 E, se algum deles vem ver-me, fala coisas vãs; no seu coração amontoa a maldade; saindo para fora, é disso que fala.

7 Todos os que me odeiam murmuram à uma contra mim; contra mim imaginam o mal,dizendo:

8 Uma doença má se lhe tem apegado; e agora que está deitado, não se levantará mais.

O verso 5 apresenta o anseio dos inimigos do Messias: a sua morte ( Jo 8:37 ), e o verso 6 aponta a análise que Ele faria da exposição doutrinária dos seus inimigos: coisas vãs (v. 6), pois da abundância que havia em seus corações enganosos, mentirosos, disso falava a boca ( Mt 12:34 ).

O salmista prevê que os opositores de Cristo o odiariam e murmurariam constantemente e, que sempre presumiriam o mal contra Ele “E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará” ( At 5:38 ); “Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e crê-lo-emos” ( Mt 27:42 ); “Dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquele enganador, vivendo ainda, disse: Depois de três dias ressuscitarei” ( Mt 27:63 ; Mt 27:1 ).

 

9 Até o meu próprio amigo íntimo, em quem eu tanto confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar.

O apóstolo João registrou quando o próprio Mestre interpreta este salmo e aplica este verso a Sua pessoa e a de Judas Iscariotes “Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas para que se cumpra a Escritura: O que come o pão comigo, levantou contra mim o seu calcanhar” ( Jo 13:18 -27 ; Jo 6:71 ).

 

10 Porém tu, SENHOR, tem piedade de mim, e levanta-me, para que eu lhes dê o pago.

11 Por isto conheço eu que tu me favoreces: que o meu inimigo não triunfa de mim.

12 Quanto a mim, tu me sustentas na minha sinceridade, e me puseste diante da tua face para sempre.

13 Bendito seja o SENHOR Deus de Israel de século em século. Amém e Amém.

Diante do quadro funesto, visto que o seu ‘amigo’ íntimo aliou-se aos seus inimigos, o Servo obediente enfatiza a sua confiança na piedade de Deus que o ‘erguerá’ do leito de enfermidade (morte), dando lhe a oportunidade de retribuir aos seus inimigos segundo as suas obras (v. 10 ; Sl 62:12 ).

Os seus inimigos pensavam na sua morte como a queda de um homem, no entanto, o triunfo do Messias estava além-túmulo, pois ao entregar-se na morte concluiu sua obra “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si ( Is 53:11 ), e quando ressurgiu conquistou poder acima de todos os principados e potestades “E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” ( Cl 2:15 ).

Através da ação de Deus, que o favorece, o Messias tem certeza plena de que o seu inimigo, o inimigo da humanidade, não triunfará (v. 11).

O Bem-aventurado reconhece o amor do Pai por retribuir-lhe segundo a sua retidão: a presença do Pai é segurança eterna “Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei da tua semelhança quando acordar” ( v. 12 ; Sl 17:15 ).

O salmo termina com o salmista bendizendo ao Senhor Deus de Israel (v. 13).

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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